Cidadãos de valores semelhantes aos do militar aposentado Guilherme Alves, 51 anos, e da dona de casa Marise Lima, 48, tornaram-se alvo maior dos concorrentes que passaram para o segundo turno. Seguidores da igrejaAssembleia de Deus e eleitores de Marina Silva, eles estão agora indecisos sobre quem escolherão no próximo dia 31 de outubro. "Tudo vai depender do que cada um falar e defender", afirma Marise, da Assembleia do Curado IV, em Jaboatão dos Guararapes. "A opinião de Marina não influencia. Tenho meu próprio pensamento. O importante é o que os dois candidatos vão falar", informa. Já Guilherme deu uma pista: "Estou mais para Serra porque as posições de Dilma não me agradam, mas não decidi ainda".
Em Jaboatão, onde Guilherme e Marise residem, 39% das pessoas declaram-se evangélicas. Lá, pode-se confirmar a tese sobre a suposta influência do evangélicos na "onda verde": Marina conseguiu 33% da votação total e desbancou Serra (16,6%). Em Paulista, na qual os evangélicos representam 36% da população, o mesmo aconteceu. A candidata do PV ficou com 31%. Outra cidade em que ela teve boa votação foi Abreu e Lima. Conhecida como "a cidade dos evangélicos" pelo número de igrejas instaladas e por ter 46% dos cidadãos integrando igrejas com esse perfil, Abreu e Lima deu 26% dos votos válidos para Marina.
Nas três, todas na Região Metropolitana do Recife, o percentual da candidata do PV superou a média estadual dos votos dela, onde ficou em terceiro lugar (19,3%). Nas cidades de pequeno porte distante da capital e onde há mais evangélicos, o percentual dela também fica acima das taxas observadas em municípios com pouca densidade populacional. Por exemplo, em Itaquitinga (Zona da Mata), com 41% de evangélicos segundo o IBGE, Marina obteve 18,6%.
Eles são alguns dos eleitores mais disputados do segundo turno da disputa presidencial.
O voto dos evangélicos por si só não definirá a eleição, mas esse grupo de eleitores será fundamental na vitória de Dilma ou Serra. Além dele, o voto do eleitor urbano, da classe média, intelectuais e estudantes podem ter um peso grande, como analisou o governador reeleito Eduardo Campos (PSB) em reunião com a cúpula da campanha de Dilma na última segunda-feira, em Brasília. Estima-se que em Pernambuco existam cerca de 2,4 milhões de evangélicos, conforme projeção da especialista EuniceZillner, do Mai. A taxa de crescimento anual da população evangélica aqui é de 8,4%.
Para o cientista político e bispo da Igreja Anglicana no Nordeste, Robinson Cavalcanti, os concorrentes ainda não se deram conta do potencial dos evangélicos. Segundo ele, Dilma ou Serra precisam perceber o peso desses eleitores e os valores históricos que eles levam consigo. "Estamos num momento de compreensão desses novos paradigmas e, quem não se der conta disso, sairá prejudicado da eleição", afirma o bispo e ex-coordenador do mestrado de ciências políticas e ex-diretor do centro de filosofia da UFPE. "Para mim, o discurso que sensibilizará esse eleitorado é o que caminha para o social-progressista e de uma lógica moral conservadora", avisa. Robinson lidera cerca de cinco mil membros de 47 igrejas ligadas à sua diocese (Leia entrevista).
Onde estão os votos de Marina:
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