Bom dia amados amigos e irmãos na fé! Vejam que entrevista maravilhosa deste servo do Senhor
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Entrevista Com João Cruzué : "Felicidade é Sentir a Presença de Deus"
Trago uma entrevista com alguém muito especial : Irmão João Batista Cruzué. Nossa amizade começou através da UBE (União de Blogueiros Evangélicos), ele (por indicação do Eliseu e do Sammis) me fez o convite para participar do projeto e após várias negativas de minha parte, insistiu e de forma muito impactante me convenceu que há necessidade de obreiros para a seara virtual e que Deus tem propósitos para os que servem com amor. Cruzué é um escritor talentoso e fala profundamente aos leitores de seus blogs entre os quais destaco Blog Olhar Cristão. Obrigada pela disposição em responder a entrevista, querido João e por compartilhar conosco seu admirável testemunho de vida.
Se eu fosse você não perderia uma linha dessa conversa.
Entrevista por Wilma Rejane
Quero inicialmente agradecer a oportunidade à Irmã Wilma Rejane, jornalista cristã, Educadora, e cumprimentar os leitores do Blog “A Tenda na Rocha”, editado por ela. Um Blog com excelência, que vem publicando conteúdo com propósito, responsável e genuinamente cristão. Diferentemente dos de outros blogs atingidos pelos ventos narcisistas, onde a difamação e a fofoca evangélica levam a um “sucesso” fácil, mas que derrubam pontes em lugar de construí-las; assustam os sedentos de Deus com textos difamadores, que vêem apenas a malícia e hipocrisia em tudo e todos, em lugar de terem um olhar cristão. Parabéns pelo trabalho, irmã Wilma, e mais vez: muito obrigado pela oportunidade.
Me chamo João Batista Cruzué nasci em Ponte Nova, Minas Gerais, moro em São Paulo, congrego na Igreja Evangélica Assembleia de Deus desde 1977, sou presbítero, casado há 27 anos com a Cléo, tenho duas filhas, um neto e trabalho na auditoria do Tribunal de Contas de São Paulo.
João, nos fale um pouco sobre sua infância
Minha infância foi muito pobre, mas alegre e divertida. Nasci e vivi no campo, ia para a escola a pé até os 12 anos. Minha mãe era uma professora de escola rural, que veio de uma família muito focada em educação. Eu tinha muitos primos para brincar de “tapinha” (pega-pega) “pique”, birosca (bolinha de gude), “tiradeira” (estilingue), pião na roda, pesca de anzol e peneira, e tomava muito banho no rio – para o pavor de minha mãe. Tinha só dois brinquedos: um caminhãozinho de madeira e uma pequena bola de borracha vermelha.
Mas essas brincadeiras eram coisas de domingo, pois de segunda a sábado o negócio era: estudar, estudar e estudar. Tenho vivo em minha memória uma cena: minha mãe carpindo o arrozal comigo ao seu lado com um caderno na mão. Era muito cobrado e invariavelmente tirava as primeiras notas da classe. Meu pai, já falecido, não conseguia fechar as mãos, cheias de calos, dormentes, de tanto usá-las em um cabo de enxada, mas hoje, eu leio, falo, traduzo e escrevo em inglês e sou auditor concursado. Valeu a pena.
Não eram apenas brincadeiras e estudos, eu trabalhava também. Desde muito pequeno lavava as “vasilhas” do almoço, carregava água para o banho de bacia e socava arroz no pilão para as refeições da casa. Isso tinha uma explicação: tanto meu pai quanto minha mãe ficavam praticamente o dia inteiro trabalhando na roça, plantando, capinando e colhendo. Eles eram muito pobres, econômicos, honestos e muito trabalhadores. Aspiravam a uma vida melhor e mais confortável – o que conseguiram lá pelos meus 14 anos.
Quais foram as primeiras percepções sobre Deus?
Desde cedo aprendi a “rezar”. Era desafiado a rezar o “Padre-Nosso” pelos comerciantes da cidadezinha onde cresci. Se eu não errasse, ganhava uma bala. Ganhei muitas. Vim de uma família católica, meus primeiros contatos com a oração se deram lá pelos seis, sete anos, quando minha mãe reunia minha irmã e eu para orar o “terço”, de joelhos, olhando para dois quadros na parede da sala. Essas orações não eram muito freqüentes, senão durante as viagens de meu pai. Acho que eu era hiperativo. Assentado nos bancos de madeira durante a missa, eu me mexia muito. Os adultos se importunavam com isso, olhavam feio para minha mãe, e lembro que aconteceu um beliscão certo dia.
Você é pioneiro na blogosfera Evangélica, como se deu os primeiros contatos com blogs?
Meus primeiros contatos com blogs se deram em 2003. Os americanos já tinham essa cultura massificada e elegiam presidentes com eles. Eu assinava o provedor UOL e eles disponibilizavam alguns modelos para personalização. O espaço era muito pequeno, dava para meia dúzia de linhas e uma imagem, enfim, muito limitado. Depois, procurando um espaço maior – e gratuito - encontrei por conta própria o Blogger em 2005.
A Vida Antes e depois do Blogar
Minha vida antes e depois dos blogs não é diferente. Eu luto minhas batalhas diárias contra a presunção e o individualismo. Estou consciente do problema do narcisismo. Meu objetivo, desde os anos 80s, é usar a literatura impressa para evangelizar, o que mudou foi a forma de fazê-lo. Antes era por um jornal impresso, hoje, a palavra se propaga com uma incrível velocidade do mundo virtual para o real potencializada pela mais moderna tecnologia de comunicação que o mundo já viu. Minha visão de internet é muito simples: se é possível ser um produtor de conteúdo, por que continuar sendo apenas um passivo leitor? Entendo que minha missão, como cristão, é conhecer e utilizar a melhor tecnologia para glorificar o nome do Senhor Jesus. Esta visão não apareceu com os blogs, mas com o primeiro jornal evangélico que fui editor lá atrás: Fazer, e fazer melhor a cada nova tentativa.
Antes e depois de Conhecer Jesus
Antes de Jesus eu era um moço inteligente, mas triste e epiléptico. Depois de Jesus eu continuei inteligente, e duas coisas melhoraram: Jesus me curou da epilepsia e minha tristeza cedeu lugar a uma alegria permanente que vem do Espírito Santo que pela misericórdia de Deus é presente em minha vida. A presença deste Espírito em minha vida, faz com que todas as outras coisas não tenham uma importância exagerada. Fico ainda mais contente, porque esta paz e alegria estão ao alcance de todos, basta querer e aceitar o Senhor.
João cruzué no dia a dia
Sou uma pessoa comum, que demorou, demorou, mas agora se tornou um vovô. Preocupo-me com a saúde; procuro fazer caminhadas regulares durante a semana e um pouco mais longas no fim de semana, para escapar dos medicamentos – tão comuns depois dos 50. Acordo cedo, não gosto de dirigir em São Paulo, prefiro o transporte público, pois posso pegar uma condução mais longe e descer alguns pontos antes do destino. Como não posso ir de tênis para o trabalho, comprei um sapato com amortecedor no salto. Sou muito caseiro, resistente à festas, gosto de me manter atualizado com o que “rola” no mundo, e de DVDs de filmes infantis. O filme mais assistido é “Luther” com Joseph Fiennes, depois gosto do “Senhor dos Anéis”, “Matrix”, “Contato” com a Jodie Foster, os “Três Mosqueteiros” da Disney, com Donald, Mickey e Pateta ; Kung Fu Panda e alguns outros.
Vovô João todo orgulhoso com o neto Nino
Um defeito...
A pressa
Falando em Sonhos
Depois que me tornei um crente em Jesus, penso que já alcancei a posição mais alta que um ser humano já alcançou. Não pela altura, mais pela consciência de que posso servir melhor à humanidade trabalhando a vocação e os propósitos de Deus para minha vida. Estou longe de alcançar isto; é preciso humildade para se colocar na posição que Deus quer, e humildade é uma virtude que, quanto mais luto, mais longe parece que ela fica. Eu tenho tudo para ser uma pessoa melhor, mas o que me impede de alcançar isto, sou eu mesmo. Mas continuo tentando. Isso não quer dizer que não tenho alguns objetivos. Quero perder 20 kg nos próximos dois anos, passar na FUVEST em direito para estudar na USP no Largo de São Francisco e ser um escritor mais conhecido que Paulo Coelho – “he he he”.
O que é felicidade?
Felicidade para mim é sentir a presença do Espírito de Deus. Depois vem outras coisas, estar junto com a família em casa (apesar da minha rabugice), ter trabalho a fazer, pois fiquei 11 anos desempregado; ver uma alma rendendo-se conscientemente a Cristo.
Uma Frase
“E uma coisa faço, e é que me esquecendo das coisas que para trás ficam, e olhando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” Filipenses 3:13 e 14. Esta palavra ajudou-me muito no tempo do desemprego.
João, qual a sua oração mais constante?
Minhas mais constantes orações a Deus são pela saúde da minha família.
Considerações Finais
Sou muito grato a Deus e à Irmã Wilma Rejane pela oportunidade que me concederam, para dizer algumas coisas no blog “A Tenda na Rocha”. Vou aproveitar a oportunidade e o tempo, agora apropriado, para dizer algumas coisas
Eu posso ver, hoje – início de 2011 - uma cultura secularista crescendo nos textos de muitos blogs ditos evangélicos. Quando os irmãos Valmir, Altair, Eliseu, Lucas, Luis e eu começamos na UBE tínhamos (ou acho que tínhamos) um propósito de influenciar e romper com uma cultura evangélica narcisista, farisaica, (ressalvando as exceções) com um novo pensamento em comunicação, democrático, construtivo e comunitário. Queríamos evitar que uma cultura religiosa hipócrita, elitista, existente na vida real das igrejas, alcançasse a blogosfera antes de nós, com os seus velhos atores de sempre, aqueles que ocupam todos os espaços, todos os microfones e todos os lugares. Lutamos para que os blogueiros novos aprendessem a se expressar e publicar, difundindo o conhecimento da nova tecnologia, para que tivessem voz e dissessem o que pensam. Em parte fomos bem sucedidos temos visto coisas boas (como o blog A Tenda na Rocha). Nós inserimos o aparecimento dos blogs evangélicos na busca do Google. É muito provável, que não haja uma página de busca onde não esteja um blog evangélico, ressalvado aquilo que é podre.
Mas não tenho tanta certeza se aqueles propósitos da administração da UBE continuam. Ficamos mais ocupados, mais velhos, mais críticos, mais intolerantes, mais individualistas e menos humildes e pacientes. Acho que o primeiro amor se foi. Imagino que ao ter ido mais longe do que pensávamos, paramos e ficamos satisfeitos no local de conforto que conquistamos.
Eu decidi sair da UBE no ano passado, para não repercutir ali dentro a crítica gratuita, a intolerância, o narcisismo, a rabugice. Naturalmente, houve outros fatores, como a falta de tempo, pois raramente dispensava menos de duas horas por dia na UBE. Quando passei a trabalhar no Centro de São Paulo, longe de casa, comecei a chegar à noite muito cansado. O tempo diário que me restava, que deveria dedicar à família, passei a gastá-lo na administração da UBE.
Quando veio o tempo de normatizar a Associação, procurei trazer as pessoas certas e incentivar as que estavam inativas para ajudar a carregar o piano da UBE que estava cada dia mais pesado. Era preciso de mais colaboradores. Pessoas certas, nos lugares certos. Acho que minha atitude, embora tenha sido muito bem recebida entre os membros da associação, foi mal-entendida, mal-compreendida, não apoiada no núcleo administrativo interno. E para não perder a amizade com os irmãos administradores, orei, e tomei a decisão de sair. Na vida cristã, há um princípio que também é um paradoxo: é preciso perder para poder ganhar. Transformei essas palavras em atitude e decidi dedicar à família o tempo que ela merecia. Assim a paz dentro da associação continuou, e eu também fiquei em paz com a minha consciência.
Por fim, mudando de assunto, tenho para mim, que para escrever bem, é preciso ler muito e ter uma boa consciência, para não causar aversão à fé nos leitores não crentes de nossos blogs. Eu creio firmemente neste princípio: Eu posso, eu sei escrever, eu escrevo, mas eu escrevo com uma boa consciência, para agradar ao Senhor.
Obrigado.
São Paulo, 19 de fevereiro de 2011.
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